sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Sensação de hoje: Naufrágio



Estou longe da costa, não aspiro a maresia, não ouço às ondas nem os coqueiros a balançar.
Não há murmúrios de pássaros, nem revoar de gaivotas, há apenas a sensação de que o mar me arrasta, arrasta sem que eu possa me mexer, não sinto as pernas, os braços não obedecem apenas a respiração e a tentativa de manter erguida a cabeça.
Não é sonho, nem pesadelo, é apenas o momento, a sensação de solidão que me assola, não há tristeza nem esperança, há apenas a sensação. O sentimento.
Não há angústia, apenas o se deixar levar pela corrente mar adentro, sem nenhum prognóstico ou esquema, não há salva-vidas, ou uma praia que se aviste.
Há a inteireza do mar, o sentir o balanço morno das ondas como se me carregassem no colo para um passeio. Sem desespero ou medo me deixo levar. Talvez eu só precise de colo.
Comigo carrego apenas o sonho, qual? Nem eu mesma sei, sei que sonho, mas não luto contra a corrente, deixo fluir, apenas as minhas lágrimas teimam em se misturar ao oceano, como se isso fizesse alguma diferença.
São lágrimas, apenas lágrimas... De um sentimento que não consigo identificar, mas começa a perturbar minha alma. Isso não é bom.
Não posso nadar desesperadamente, pois não sei para onde, não adiantar gritar, ninguém me ouviria, não adianta sofrer, pois nem motivo há para isto.
Talvez eu tenha ouvido histórias de náufragos que encontram o paraíso numa ilha deserta. Talvez!
Quem sabe eu precise me isolar , mas não quero, quero a vida, quero sons de pássaros,quero ouvir gente cantando, pessoas tamborilando com os dedos canções de amor, quero ver meus amigos felizes, quero ver...o Sol nascer num porto seguro...
Quero viver, só isso. Espero que o mar que ora carrega meu corpo com doçura me deposite em areias seguras ,onde o meu corpo se aqueça, minha alma se acalme e o meu coração cante , a mais bela das melodias. O Hino ao Amor

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