segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Como é duro perder os que amamos

Apesar de só podermos ter uma certeza, que a morte é inevitável e não discrimina ninguém, apesar de conhecer que é apenas uma mudança de nível, apesar de crer que a alma não morre. Apesar de tudo, o racional sabe o coração parece não querer entender.
Como dói. Este ano para mim foi um ano de perdas.
Esta última semana foi marcante e trágica, perdi duas pessoas das quais gostava muito, Ângela Martins Vieira e Marco Flávio da Costa Chaves. Ela no dia 23 , ele no dia 28. E os conheci no mesmo ambiente, na escola em que trabalhava Os Marquinhos meu aluno, na sexta e sétima série, a Ângela (multifuncional) ministrou a nós professores de Português um curso rápido e intensivo de jornalismo, ou melhor, de como se faz uma jornal.
A finalidade do curso era que nós soubéssemos como se faz num jornal de verdade, para que criássemos um jornal com os alunos. Como aprendemos e quanto aprendeu a gostar dela, da sua maneira doce e da sua entrega. Ela nos conquistou e nos fez admirá-la, Ângela era conteúdo, emoção, razão, sensibilidade, honestidade. Foi alguém que valeu à pena conhecer. O tempo pode afastar as pessoas, mas Deus nos permite reencontrar para pelo menos um abraço gostoso e sincero ser trocado. Eu a vi pela última vez há uns cinco meses. A conversa foi curta, porém profunda. Foi providencial e abençoada. Hoje não a temos mais entre nós, mas aquele abraço, ninguém me tira.
Os Marquinhos eram aluno, gostava muito dele por sua maneira gentil e doce, um dengo. Era amigo dos seus amigos, jamais usou de arrogância para com os professores, o que infelizmente é comum àqueles que têm posses e sobrenomes , numa escola particular.
Ele era um diferencial, comportava-se como um Lorde; era generoso, sabia ouvir e mesmo diante de uma entediante aula de análise sintática, tinha sempre um sorriso e uma palavra de carinho para comigo, acredito que para todos os outros professores.
Quando soube de sua partida , quando vi que ele bateu o carro para não atropelar dois estranhos que pularam uma mureta e adentraram a pista , não estranhei. Ele realmente se preocupava com os outros.
Nunca me digam que foi imprudência, imperícia, ou o acaso, não. Ele deu a vida dele para não tirar a dos outros. Era bem dele isto.
Sei que á vida continua , mas estou mais pobre, mais triste .
Não adianta nada o conhecimento que tenho , quando as lágrimas teimam em rolar , quando o coração se aperta em um nó sem fim.
Gostaria de ter tido a oportunidade de um último abraço, mas fica para mim o seu sorriso. Não é o primeiro ex-aluno que perco, mas nunca me acostumarei à idéia.
Tenho feito preces , pedindo por eles e pelos familiares , mas a dor não passa.
Sinto-me só.Pequenina, impotente , arrasada.
É uma forma brutal de se perceber que perdemos tempo, que a vida nos dá chances de dizer que amamos e às vezes não fazemos.
De forma inglória , só queria dizer , Ângela e Marquinhos, amo vocês. Estejam em Deus.

Um comentário:

meggmartins disse...

Edelvira,

Lamento pelos seus queridos. Tenho certeza que estão em um bom lugar, pois,se são seus, saõ tão especiais como você.

Parabéns pelo blog!

Margareth G. Martins